Tradicionalmente, os dividendos tendem a seguir os lucros líquidos das empresas e este ano não foi diferente. Com um aumento generalizado dos lucros, as cotadas do PSI propuseram premiar mais os acionistas. Houve, no entanto, algumas exceções.

Das 15 cotadas do PSI – ainda sem a Ibersol – 10 já avançaram quais os seus planos. Navigator, Semapa, Galp, Nos, Sonae e CTT propuseram um aumento do dividendo. A Semapa foi a cotada mais generosa, propondo pagar 0,95 euros por ação aos acionistas, enquanto a Galp – também uma das que mais paga – propôs aumentar para 0,52 euros (de 0,50 euros). “Em geral os dividendos acompanham os resultados”, diz o analista de ações António Seladas. E os lucros aumentaram 46% para 4.696 milhões de euros.

Além disso, as empresas também tiveram a necessidade de se tornar mais competitivas num ambiente de taxas de juro elevadas. “O montante destinado a dividendos aumentou porque as cotadas têm de competir com o preço do dinheiro representado pelos juros, de forma a atrair novos acionistas e reter os existentes”, refere o responsável por “trading” do Banco Carregosa, João Queiroz.

Um ano como 2022, marcado por mudança de ciclo “conduziu algumas empresas a optar por distribuir resultados dada a incerteza de retorno que sentem nos seus próprios negócios”, revelou o sócio da Baluarte Wealth Advisors, Fernando Castro Solla.

No conjunto do PSI foram mais as cotadas que decidiram subi-los seja através da subida do rácio “payout”, do reforço do valor absoluto ou através do pagamento de dividendos intercalares. No entanto, algumas das cotadas decidiram não fazer alterações: a EDP, a REN e a Corticeira Amorim.

“Isto pode ser explicado, em parte, pelo desenvolvimento dos lucros das empresas, e também pelo facto de as empresas tenderem a manter a sua política de dividendos muito estável e fiável. Antes de aumentarem os seus dividendos, querem ter a certeza de que os podem manter ao longo do tempo”, explica

“Dividendos subiram porque as cotadas têm de competir com o preço do dinheiro representado pelos juros.

JOÃO QUEIROZ Responsável por “trading” no Banco Carregosa

Hans-jörg Naumer, diretor de mercados de capitais globais e análise temática da Allianzgi.

Por outro lado, a única empresa que decidiu pagar mais aos seus acionistas foi a empresa de distribuição Jerónimo Martins. Apesar de o dividendo ter recuado 29,9%, este continua a ser o segundo mais alto do índice de referência nacional. A retalhista paga 0,55 euros por ação. No ano passado, a empresa pagou 0,785 euros por ação, referentes ao exercício de 2021.

Caso diferente é o da EDP Renováveis, que mudou de estratégia, introduzindo um novo programa de “scrip dividend”, “mais alinhando com empresas comparáveis do setor das renováveis”. Vão ser atribuídos aos acionistas direitos de incorporação de novas ações a serem emitidas, com as quais podem ficar, que podem vender à própria empresa ou trocar em bolsa.

A Greenvolt já tinha adiantado que não pretende pagar dividendos nos próximos anos. A Altri ainda não relevou o que pretende fazer, tal como o BCP e a Mota-engil.

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