Cofina

Editorial

Ao longo dos últimos anos a SÁBADO fez várias revelações que atingiram o Governo, o Partido Socialista (PS) e alguns dos seus responsáveis: foi através das nossas páginas que os portugueses ficaram a saber que o Ministério Público está a investigar suspeitas de corrupção no Governo, no âmbito do desenvolvimento de projetos de exploração de lítio/hidrogénio; que existe uma teia de relações que levaram vários socialistas e seus familiares a serem nomeados para a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa; que a presidente da Junta de Freguesia de Arroios, em Lisboa, se servia do cargo para se abastecer gratuitamente no mercado; como a máquina da Segurança Social foi completamente ocupada por socialistas; como ao longo dos anos foram sendo nomeados inúmeros boys e familiares de socialistas para o Governo; ou como o deputado António Gameiro está a ser investigado pelo Ministério Público. O PS, claro, não gostou.

Ao longo dos últimos anos a SÁBADO escreveu também sobre o Partido Social Democrata, os seus membros e responsáveis: nas nossas páginas os portugueses puderam ler que existe uma série de apoiantes de Rui Rio que são arguidos em vários processos, em contradição com o “banho de ética” prometido pelo presidente do PSD; que o próprio Rui Rio apadrinhou a entrada da sua filha na JSD; que entre os muitos autarcas arguidos do País há vários sociais-democratas; e como as características pessoais e as atitudes do líder do PSD o foram fazendo perder amigos e aliados. O PSD de Rui Rio, claro, não gostou.

Ao longo dos últimos anos a SÁBADO publicou vários artigos sobre o Bloco de Esquerda (BE): nas nossas páginas os portugueses leram sobre como a filha de Francisco Louçã foi contratada e paga pelo parlamento mas trabalhava no Esquerda.net; como vários candidatos autárquicos do BE pertenceram às FP-25; como o Bloco pratica a precariedade laboral interna; como dois irmãos de Francisco Louçã acusaram o BE de se ter aburguesado e abandonaram o partido; ou sobre as ligações do Bloco a organizações ambientalistas e antirracistas, alegadamente apartidárias. O BE, claro, não gostou.

Ao longo dos últimos anos a SÁBADO escreveu vários artigos sobre o Partido Comunista Português: através das nossas páginas os leitores souberam de várias contratações de militantes do PCP para a Câmara de Loures; como o ex-deputado Miguel Tiago recebeu uma avença de uma autarquia comunista depois de deixar o parlamento; ou como Rita Rato contratou camaradas do PCP para ocuparem cargos no Museu do Aljube – Resistência e Liberdade. O PCP, claro, não gostou.

Ao longo dos últimos anos, a SÁBADO escreveu também sobre o partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN): nas nossas páginas os portugueses puderam ler como Lisete, a sogra de Inês Sousa Real, foi testa de ferro da líder do PAN durante apenas três segundos; bem como as respostas de Inês Sousa Real a uma entrevista dura feita em novembro de 2019. O PAN, claro, não gostou.

Ao longo dos últimos anos, os jornalistas da SÁBADO escreveram sobre tudo aquilo que consideraram ter interesse público, independentemente do partido ou das organizações em causa. É essa a forma como encaramos o jornalismo: com total liberdade. Se for notícia, é para publicar. Seja sobre quem for ou qualquer que seja o momento.

Infelizmente, alguns dos titulares de cargos públicos visados nessas notícias não encaram a liberdade de imprensa da mesma forma. Entendem o escrutínio salutar numa democracia adulta como algum género de perseguição. E entendem dificultar o acesso à informação ou aos protagonistas a quem faz um jornalismo independente de cores políticas.

Ao longo das últimas semanas, a SÁBADO publicou entrevistas aos líderes do Livre, Iniciativa Liberal, CDS e Chega. Os restantes partidos com assento parlamentar ficaram fora desta ronda de entrevistas porque, apesar dos vários pedidos, alguns feitos logo no início de dezembro, os respetivos líderes entenderam não as dar. Alguns justificaram-no, outros nem sequer responderam. Agora, os leitores da SÁBADO sabem porquê. É esse o preço da liberdade, que estamos dispostos a pagar, com a certeza de que os leitores poderão continuar a ler todas as notícias e investigações que estiverem prontas a ser publicadas. ●

AO LONGO DOS ÚLTIMOS ANOS, OS JORNALISTAS DA SÁBADO ESCREVERAM SOBRE TUDO AQUILO QUE CONSIDERARAM TER INTERESSE PÚBLICO, INDEPENDENTEMENTE DO PARTIDO OU DAS ORGANIZAÇÕES EM CAUSA

Sumário

pt-pt

2022-01-20T08:00:00.0000000Z

2022-01-20T08:00:00.0000000Z

http://quiosque.medialivre.pt/article/281762747629842

Cofina