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A ascensão da China

Desde o início do século XXI, o rendimento por pessoa quintuplicou na China, mas ainda está longe dos níveis europeus. Os suíços continuam a ser dos mais ricos do mundo.

Oproduto interno bruto per capita (rendimento por pessoa) visa medir o nível médio de vida dos habitantes de um país. É diferente do PIB porque considera o número de residentes e não apenas a soma de todos os bens e serviços produzidos por uma nação. Por exemplo, os países com maior PIB são Estados Unidos, China e Japão, mas, como são muito populosos, toda essa riqueza não torna, automaticamente, os seus cidadãos os “mais ricos” do mundo.

A China progrediu muito desde o início do século XXI. O seu PIB per capita quase quintuplicou. Um feito notável, mas que deve ser relativizado, dado que, em termos absolutos, ainda está muito atrás dos níveis do Ocidente.

A Zona Euro registou, neste período, um crescimento de 86%. O rendimento médio dos portugueses, por sua vez, evoluiu, nesses vinte anos, 81%, o que significa que divergimos dos nossos parceiros. Dado que a pandemia atingiu, sobretudo, o PIB de 2020, e a recuperação europeia tem sido algo assimétrica, sendo agora afetada pelo conflito na Ucrânia, a conclusão pode, contudo, ser diferente daqui a alguns anos.

Emergentes no encalço

Também seria de esperar que os países em desenvolvimento encurtassem a distância, mas não é uma regra. Desde o virar do século, a progressão média da OCDE foi de 83%, mas houve países, como o México, o Brasil e a África do Sul, que ficaram aquém desse valor.

Em contrapartida, Indonésia e Índia bateram a média, embora de forma menos impressionante do que a China. Outro país em grande destaque na última vintena de anos é a Rússia, cujo PIB per capita quadruplicou, apesar das sanções ocidentais impostas em 2014. Uma conquista que será posta à prova com a nova vaga de sanções por causa da guerra na Ucrânia.

O maior potencial dos emergentes, que partem de trás, justifica o interesse despertado junto dos investidores. Contudo, este potencial nem sempre se concretiza ou não se reflete adequadamente na valorização das respetivas bolsas, pelo que há um risco elevado para os investimentos. Assim, embora consideremos que há emergentes atrativos, como China, México e Indonésia, o seu peso é limitado nas nossas carteiras.

Mais rendimentos, mais custos?

Os valores apresentados estão adaptados ao poder de compra. Quem está habituado a viajar já constatou que os preços variam de país para país. É sabido que os suíços têm elevados salários, mas pagam bastante mais pelo arrendamento de uma casa ou pelas compras de supermercado. Será que os salários compensam? Essa é a razão pela qual o PIB por pessoa é, por regra, ajustado para compensar o efeito, por exemplo, de um país com salários muito elevados ser também caracterizado por bens e serviços mais caros. Uma correção que não retira a Suíça do topo dos países ilustrados. Os helvéticos pagam mais, mas são mais ricos do que os norte-americanos e o resto dos europeus.

O PIB per capita não capta outra vertente importante do rendimento. Não reflete as desigualdades. Em média, um país pode ser muito rico mas, se a distribuição da riqueza for desigual, terá pessoas extremamente ricas e muita população a viver na pobreza. Esse efeito terá de ser captado por outro indicador.

Impulsionar o PIB

O PIB de um país pode crescer de duas formas: aumentando os meios de produção (mais trabalhadores e mais equipamento), sendo necessário crescimento demográfico (incluindo imigração) e investimento em novas “máquinas”, e a produtividade, o que implica que a mesma quantidade de mão de obra e de equipamento produza mais riqueza. Essa progressão é possível graças a melhorias na gestão da organização e na formação da mão de obra, bem como na aposta em atividades com maior valor acrescentado. Mas o envelhecimento da população e a queda da taxa de natalidade traduzem-se em meios de mão de obra, penalizando o crescimento do PIB. É o caso da Europa, do Japão e até da China.

A imigração permitiria contornar este problema, mas é uma solução que tende a ser polémica, pelo que os países se centram mais na produtividade.

GUIA FINANCEIRO

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2022-05-17T07:00:00.0000000Z

2022-05-17T07:00:00.0000000Z

http://quiosque.medialivre.pt/article/281814287466043

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