A MODA VOLTA A SER REAL
Contra o sofá, os ecrãs e os dias sombrios, a temporada outono/inverno quer-nos de volta à rua, às festas e veste-se de brilhos, dourados e volumes. Senhoras e senhores, o baile vai começar…
Por Joana Emídio Marques
MALHAS, PONCHOS artesanais e casacos acolchoados, muito couro, casacos de pelo, longos e largos como casulos, gorros volumosos, vestidos e saias compridas, roupa sem identidade de género, cores muito vitaminadas, brilhos, lantejoulas, metalizados – eis a moda que criadores e marcas nos propõem para o outono que agora começa. Confuso? É provável.
Estes são tempos de incerteza e há muita necessidade de otimismo que contrasta com uma forte necessidade de realismo. Entre os sonhos criados pelos designers nos seus ateliês para aquela que foi a primeira temporada de moda 100% digital e as propostas disruptivas que todos os dias surgem nas redes sociais, a indústria do pronto a vestir vive no meio de um furacão.
JUMBO E XXL
Nos últimos dois meses a procura por jeans “jumbo” ou jeans versão XXL com a cintura descaída cresceu 42% e a tendência é subir, como afirma o jornal de moda Business of Fashion (BOF). Ora esta direção não foi prevista nas coleções outono/inverno 2021-22. Ela surgiu na moda nas redes sociais, em especial no Tik-Tok, a nova rede social onde a moda faz e acontece. Q
Q A evolução tecnológica e as marcas gigantes como a Sheine, a Primark, a Inditex conseguem colocar esta tendência nas lojas em poucas semanas fazendo tábua rasa das propostas apresentadas pelos criadores oficiais.
Como disse à SÁBADO o designer italiano Alessandro Pulcini, da marca Anonyme, “na luta pela recuperação económica, a indústria procura ideias inteligentes, não procura a cultura ou a política, mesmo que digam que o fazem.
Procuram, sim, ferramentas para transmitir emoções”. Assim, quanto mais depressa as lojas oferecerem resposta a estas emoções e desejos promovidos pelas redes sociais melhor, mas as tendências ou as diretivas definidas pelos artistas e criativos, bem como as prometidas respostas às alterações climáticas ou à slow fashion parecem ser mais retórica que realidade. “Todos dizem que o fazem. Mas quantos fazem mesmo?”, pergunta um pragmático Alessandro Pulcini.
O QUE QUER DIZER YOY?
Já Andrea Lopez, da marca portuguesa rainha do estilo boho, a Natura, afirma que a “aposta na ecologia, na solidariedade e nas causas humanitárias continua a ser o ADN da marca”, que insiste em apostar em matérias primas sustentáveis e num universo próximo da natureza, com vestidos longos, confortáveis, em padrões florais e com notas de um romantismo coincidente com uma das tendências apontadas por revistas de moda como a Vogue francesa ou a americana.
Mas de que serve isto se o mercado da moda vive hoje em função do YOY? Descodificamos: a tecnologia digital permite aferir diariamente
Hoje, modas como calças de ganga jumbo ou XXL surgem nas redes sociais, em especial no Tik-Tok, a nova rede social onde a moda faz e acontece
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2021-09-23T07:00:00.0000000Z
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